sábado, 31 de outubro de 2009

Something new

I haven´t posted anything of my own in awhile, so here goes.
It´s probably not finished yet... a try at capturing
a few feelings, maybe because my birthday is just 2 days away and
-like it or not - leaves me prone to taking stock?


we are the lucky ones
standing here on dry ground,
an autumn Saturday, this
Plaza Real, while the world reels.
these are days trestled together,
time to pick and choose
and linger, the cafes and
the train tickets. I can
rebraid your hair with
a hundred colored bands,
and remember a thousand
warm nights just like this one,
with its Mediterranean calm
with its welcome.
no use trying to sleep
with the neighbors talking so loud,
no use trying to sleep
since now I have finally learned
that something as desperate to me
as love
is but a moment of respite
is but a small, flattened clearing
that looks like a place to lie down

come closer, just for a moment.
i will stop talking, overlook
unnecessary details.
there is a sweet jasmine smell
in the breeze,
hours that taste like honey,
a trace of mint lingering in your hair.
i will stop asking these questions,
stop second-guessing my luck.

wake up. open your eyes
the music is gentle, the night so clear.
tonight, no pack of stray dogs sauntering the alleys,
no unlit corners where one split second
could change your life.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Descobertas....

Em Barcelona, estou freqüentando a biblioteca pública do bairro. Tenho a sorte desta ser uma das melhores da cidade: mais grande do que pequeno -sem deixar de ser acolhedor -com espaços internos abertos e grandes janelas de vidro, e pessoas de todas as idades passeando por seus estantes, ocupando as salas de leitura e os corredores e fazendo dela um lugar onde se pode estar bem à vontade durante várias horas...
No meu próprio passeio pelos estantes, encontrei o livro Poesia Reunida da poeta e escritora uruguaia (radicada na Espanha desde os anos 70), Cristina Peri Rossi. Já tinham falado dela num evento que assisti o mês passado na Casa Francesca Bonnemaison (Centre de Cultura de Dones) . Começar a lê-la vem sendo um dos meus maiores prazeres literários dos últimos tempos. Assim, hoje compartilho com vocês estes versos dela, para o início de uma "nova convivência":


Escoriación
(del libro, Descripción de um naufrágio, 1975.)

Herida que queda, luego del amor, al costado del cuerpo.
Tajo profundo, lleno de peces y bocas rojas,
donde la sal duele y arde el iodo,
que corre todo a lo largo del buque,
que deja pasar la espuma,
que tiene un ojo triste en el centro.
En la actividad de navegar,
como en el ejercicio del amor,
ningún marino, ningún capitán,
ningún armador, ningún amante,
han podido evitar esta suerte de heridas,
escoriaciones profundas, que tienen el largo del cuerpo
y la profundidad del mar,
cuya cicatriz no desaparece nunca,
y llevamos como estigmas de pasadas navegaciones,
de otras travesías. Por el número de escoraciones
del buque, conocemos la cantidad de sus viajes;
por las escoriaciones de nuestra piel
cuántas veces hemos amado.

- Cristina Peri Rossi

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Continuando...

Quase um mês desde a última postagem! Com as mudanças e adaptações que as viagens exigem, não consegui mexer de novo com a tradução, assim que hoje vou postar um poema em inglês, da muito reconhecida poeta norteamericana Mary Oliver (agradeço minhas irmãs por chamar minha atenção para a obra dela). Agora em Barcelona, estou morando perto da melhor biblioteca pública da cidade -- lindíssima, por sinal! -- assim que logo que tiver uma folguinha, iniciarei minha procura por trabalho interessante d@s poetas daqui.


Wild Geese
by Mary Oliver

You do not have to be good.
You do not have to walk on your knees
for a hundred miles through the desert, repenting.
You only have to let the soft animal of your body
love what it loves.
Tell me about despair, yours, and I will tell you mine.
Meanwhile the world goes on.
Meanwhile the sun and the clear pebbles of the rain
are moving across the landscapes,
over the prairies and the deep trees,
the mountains and the rivers.
Meanwhile the wild geese, high in the clean blue air,
are heading home again.
Whoever you are, no matter how lonely,
the world offers itself to your imagination,
calls to you like the wild geese, harsh and exciting--
over and over announcing your place
in the family of things

(http://www.english.illinois.edu/maps/poets/m_r/oliver/online_poems.htm)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

The house of the heart - Diane Wakoski

Ontem, numa livraria de bairro aqui em Chicago (uma livraria local, das poucas que ainda existem hoje em dia que não são franquias de grandes cadeias como Borders ou Barnes & Noble) achei vários livros de Diane na seção de poesia. Comprei um- "Jason the Sailor" (1993) -exatamente um que ela escreve como "segundo volume" do " The Archaelogy of Movies and Books", composto por este mesmo e o livro "Medea the Sorceress", do qual temos feito várias traduções. A capa é muito linda, uma gravura num tom cinza azulado com motivos marinhos... uma estrela do mar, um peixe e uma concha, e que continua na contracapa com outra concha, uma serpente, outro peixe, um pássaro e a lua...o livro todo, de um papel cor creme e artesanal que dá vontade de segurar nas mãos, virando as páginas muito muito materialmente...

Por enquanto, o que tenho para oferecer é a versão de um poema de um livro mais antigo dela (Inside the Blood Factory, 1968), com características talvez mais próprias de uma outra fase da sua obra. As metáforas com algo que lembra a grande Sylvia. Será que estou certa?


A CASA DO CORAÇÃO

Meus sapatos são duas caixas
de camurça,
pisoteando os corredores até Nut,
do Egito,
dama da noite, alta, com finos dedos de pé
e o zodíaco na barriga.
Dentro da minha cabeça desliza uma serpente
por baixo da minha cama confortável; eu sonho
para compensar o cérebro vazio. O sol
nasce sobre pernas bambas, finas como
vagem nova,
e minha música é a mesma melodia triste.
a casa do coração
onde a música mora,
onde descansa de noite
na sua tigela de sangue morno;
a casa do coração que dá sempre
as boas-vindas aos visitantes
da Lua, e aos do Sol,
algumas vezes,
desde que tirem os sapatos.

Meus sapatos carregam meu peso
traduzindo meus ossos em palavras,
levando o sangue ao correio em envelopes
para enviar ao mundo. Afundo agora
com aroma de especiarias nas narinas,
com o coração embrulhado em seda para que
não murche
antes que a Verdade o pese na sua balança.
Meus sapatos me acompanharam todo o caminho,
minha viagem pelo reino dos besouros
- as larvas lambem o bolo dos meus dedos,
o bolo que eu dava para os patos a beira rio,
suas cabeças verdes brilhando sobre as palmas das minhas mãos
como sementes oleosas,
com seus bicos prontos para gravar suas palavras no meu coração que
poderia lhe dar um conteúdo sagrado e lhe ajudar
na balança da Verdade.
Meus sapatos com suas pontas quadradas e desengonçadas
seguram meus pés desengonçados. Já andaram,
nunca dançaram, andaram comigo para todo lugar.

Sol, entre na casa do meu coração.
Tire seus sapatos incendiados. Nem os deixe
tocar na entrada. Suas flamas extinguiriam-se
ainda antes de passar pela porta.

Lua, entre na casa do meu coração.
Tire seus sapatos. Bate na porta com o aro prateado.
Passe por cima da entrada como o fruto do lichee
rodando por minha garganta.
Entre no corredor escuro com uma vela, com uma luz
prateada, com uma gota de óleo de hortelã quente
na sua língua fresca. Venha, Lua. Entre. Mas seus sapatos prateados,
tem que deixá-los do lado de fora
da casa do meu coração.

sábado, 15 de agosto de 2009

five of staves

[Five of Staves (Wands): Young Men Fighting or Playing with Green Poles, by Diane Wakoski- do livro "Medea the Sorceress]

Este poema foi traduzido por Sabrina Lopes (lopessabrina@blogspot.com). Como vocês podem ver, estamos "acumulando" um bom material para nosso projeto, em andamento, de tradução e reflexão sobre a obra de duas poetas (por enquanto), as norteamericanas Wakoski e Cisneros.



O segredo
sempre foi
o que os homens acham
pra fazer
uns com os outros. Essa grande
maioria de momentos que, como o futebol
e certas micoses, e mineração
excluem mulheres.


Nós temos tão
pouco.
A taba
aonde ir
quando sangramos, e a lua nada
ou vai embora com a água dentre nossas
coxas


Polo aquático,
um esporte grande,
em meu colégio californiano,
o eleito dos riquinhos que moravam
com suas piscinas em the Heights
garotos
que dirigiam seus Fords novos
antes de entrar na faculdade, depois
do aniversário de dezesseis, garotos
que fechavam os olhos quando tocavam
a gente nos lugares molhados, todas
nós querendo ver suas mãos
saírem limpas de sangue. Mas os
lábios, sempre sangrentos.
disséssemos “Bah-bah-bah-
Bah-bah-bra-Ann” ou
my “Little Deuce Coupe”
bebêssemos cherry cokes
ou leite, poetas ou cinéfilas, andamos em nossas crinolinas engomadas
e blusas de lacinho indo mensalmente
para os quartos segregados, cheirando
a peixe sob a água de colônia.



Mas os garotos, eles se divertiam
quando estavam segregados;
quando ficavam juntos sozinhos
eles tocavam
– com piadas,
ou saudações
“Meu chapa”
como nunca fizemos;
eles falavam,
como ainda não podemos,
descobriam como o mundo gira,
como a gente,
é claro,
não.


E polo aquático, os garotos
batendo aquela bola grande e branca
na água verde-esmeralda
da piscina olímpica da FUHS,
Oh, eles sabiam até nossos segredos.
Que a lua que eles tinham lançado e espirrado e estapeado
na água era justo como aquela
empurrada dentre nossas coxas todo mês
- se éramos boas,
- se tínhamos sorte,
- se fossemos espertas.


Oh, não me diga NUNCA
que as mulheres têm vidas secretas
ou tesouros
que ninguém fora outras mulheres
conhece.
Me diga,
ao invés,
que o segredo é,
sempre foi,
por que homens têm tanto prazer
na companhia uns dos outros, por que mulheres,
quando segregadas e juntas
de outras, só têm taba menstrual,
o velho, grosso sangue mensal
pra dividir?
ou o tabu oposto:
o clonezinho nosso
moldando dentro de nosso corpo,
seu rosto e forma a partir da lua,
que some então por nove meses ainda
mais
solitários.

Uma criança no lugar da mãe.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sonho (despedida)

(Este é um dos dois ou três poemas que
escrevi diretamente em português:)


Sonhei teu corpo aberto.
folhagem de verão, grama imensa.
você voltava dos anos de sono, me
disse que estava pronto. e
a chuva que começava, lentos pingos
que segurava na língua. você ria,
risadas largas. o eco ia e
voltava, até cair a noite:
escuridão, lua, frio
repentino. meu sonho
se deslizando sobre teu peito
como córrego claro, como depois,
a calma.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

As novas gerações escrevem...

Tempo

A pedra da vida,
A pele do rosto,
A perda da pele.

E nem a pobre entalhada pedra,
Ao tempo,
Resiste.


Gabriel Adelman Cipolla

Mais um poema de Rachida Madani (Tangier, 1951)

  Você não veio ao mundo para ver os seus ossos embranquecerem nas águas brancas de um rio Bou-reg-reg nem para contemplar a sua som...