sexta-feira, 19 de julho de 2013

"First Day of the Future"

(from his book, THE PAST, 1985)

First Day of the Future
Galway Kinnell

They always seem to come up
on the future, these cold, earthly dawns;
the whiteness and the blackness
make the flesh shiver as if it's starting to break.
But that is always just an illusion,
always it is just another day they illuminate
of the permanent present. Except for today.
A motorboat sets out across the bay,
a transfiguring spirit, all its little puffy gasps
of disintegration collected
and anthemed out in a pure purr of dominion.
It disappears. In the stillness again
the shore lights remember the dimensions of the black water.
I don't know about this new life.
Even though I burned the ashes of its flag again and again
and set fire to the ticket that might have conscripted me into its
ranks forever,
even though I squandered all my talents composing its emigration
papers,
I think I want to go back now and live in the present time,
back there
where someone milks a cow and jets of intensest nourishment go
squawking into a pail,
where someone is hammering, a bit of steel at the end of a stick
hitting a bit of steel, in the archaic stillness of an afternoon,
or somebody else saws a board, back and forth, like hard labor
in the lungs of one who refuses to come to the very end.
But I guess I'm here. So I must take care. For here
one has to keep facing the right way, or one sees one dies, and
one dies.
I'm not sure I'm going to like it living here in the future.
I don't think I can keep on doing it indefinitely.

O primeiro dia do futuro.


Parecem sempre irromper
no futuro, estas alvoradas frias e terrenas;
a clareza e a escuridão fazem
a pele se arrepiar como se começasse a rasgar.
Mas é sempre uma ilusão,
sempre apenas mais um dia que iluminam
no presente permanente. Hoje é exceção.
Uma lancha inicia sua travessia da bahia,
um espírito que transfigura, seus pequenos sopros
ofegantes de desintegração recolhidos e cantados
num  ronronar de poderio puro.
Ela desaparece. De novo na quietude as luzes
dos cais se lembram das dimensões das águas turvas.
Nada entendo desta vida nova.
Mesmo que eu tenha queimado as cinzas da sua bandeira uma e outra vez
e incinerado o bilhete que talvez tivesse me recrutado para suas tropas
para sempre,
mesmo que eu tenha desperdiçado todos meus talentos compondo meus
documentos de emigração
acho que prefiro voltar agora e viver no tempo presente,
alí
onde alguém tira leite de uma vaca e jatos do mais intenso alimento
vão grasnando para dentro de um balde,
onde alguém vai martelando, um pedaço de aço na ponta de uma vara
batendo um pedaço de aço, na quietude arcaica de uma tarde,
ou outra pessoa serra uma tábua, para frente e para trás como o penoso
trabalho nos pulmões de alguém que se recusa a chegar ao fim.
Mas suponho que estou aqui. Pelo devo que me cuidar. Porque aqui
você precisa olhar em direção certa, porque se não, você vê que você morre,
e você morre.
Acho que não vou gostar de viver aqui no futuro.
Penso que não seria capaz de fazê-lo
sem prazo determinado.


Versão: Miriam Adelman

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LARANJAIS E CONTOS DE FADAS Diane Wakoski

  A casinha de bonecas de papel, quase invisível no mar de laranjais, iluminado apenas pelas chamas oscilantes de um incêndio de lixo ...