quinta-feira, 26 de março de 2020

Lockdown by Brother Richard

Há medo sim.
Há isolamento sim.
Há pânico de compras sim.
Há doença sim.
Porém
Dizem que em Wuhan após tantos anos de barulho
Se escuta de novo o cantar dos pássaros
Dizem que após apenas algumas semanas de quietude
Afinaram as nuvens de fumaça no céu,
Agora azul e cinza e claro.
Dizem que nas ruas de Assisi
O canto que as pessoas entoam,
umas para outras, atravessa as praças vazias,
E elas deixam suas janelas abertas
para que os que estão sozinhos
possam escutar sons de família
ao seu redor.
Dizem que um hotel no oeste da Irlanda
Está oferecendo refeições de graça com entrega
Para os confinados.
Hoje uma moça que conheço
Ocupa-se espalhando panfletos com seu
Número de telefone pelo bairro
Para que os velhinhos tenham a quem chamar
Hoje igrejas, sinagogas, mesquitas e templos
Se preparam para dar as boas-vindas
E abrir suas portas aos sem-teto, aos doentes e
Fatigados.
No mundo inteiro as pessoas já desaceleram,
refletem.
No mundo inteiro as pessoas já olham para
seus vizinhos de forma diferente.
No mundo inteiro as pessoas já acordam para
uma realidade mudada  de
Quão grande realmente somos,
Quão pouco o controle que realmente temos,
Sobre o que realmente importa,
O Amor.
Por isso rezamos e lembramos que
Há medo sim.
Mas do ódio, não precisamos.
Há pânico de compras sim.
Mas da mesquinhez, não precisamos.
Há doença sim
Mas não precisa infetar a alma,
Até morte há,
Mas pode sempre haver um renascimento
Do amor.
Acorde para as escolhas que vc faz sobre como
Viver agora.
Respire, hoje.
Escute, atrás do barulho do seu pânico,
Os pássaros começam a cantar novamente,
O céu se limpa,
A primavera vem.
E sempre nos abrange o Amor,
Abre as janelas da alma.
Vc talvez não consiga tocar o outro,
do outro lado da praça,
Mas cante.

Tradução: Miriam Adelman

Um comentário:

  1. Lindo poema e tão capaz de traduzir as impressões frescas do que estamos sendo...

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