terça-feira, 24 de maio de 2016

What matters now



 A tree left standing in the 
jowls of the city. The long lost 
Judith floating from Venezuela
into my dream, whispering
 something that had slipped 
or faded like our sketchpad days, two 
teenage girls at the Brooklyn zoo, our 
braids pulled out from under red scarves,
 charcoal in hand, a stretch of horizon
and a tender courage to never
stop pushing

It came to that, to putting on paper:
the displaced lions, the caged bears,
and  forth from there to the city of men,
unrolling maps, charting some course,
incorrigible as humankind itself, relentless
as someone's dirty secret that in the
end is but a simple & reckless desire held
too far from the light of the heart

Will you believe me if i tell you
that one hour is better than none,
three days better than zero? Will
you believe in me?  You can ride
rail or elevator to the top
of the city, choose which open
hand to hold or close.  Survival
you see is a balancing act, & 
what matters now, to perfect
the art: the unshapely bodies
shining in some last moonlight,
bending under the sacrificed
treetops, a knowledge of all
that has come and gone, to 
curl within it, unfurl within it,
sin perder la ternura
jamás


-Miriam


domingo, 15 de maio de 2016

Um poema de Jennifer Tseng.

To the sea/Ao mar.

His life a lash on the horizon.
His eyes, two raindrops fallen at last to the sea,
have joined the others, the lost visions, lost waves.
Of all the dead, there is something in the sea,
if one could sip each drop discretely one would taste
prodigies riding on Ferris wheels, prisoners painting
estuaries in green, generals kneeling at the salt-stained
feet of peasants, women making ardent love to women.
Part of every drowned desire, its indestructible source,
appears in the form of a stranger willing to change us.
He had been striving for years, he died desiring
vexed to the end by strangers within, without.

Sua vida um cílio no horizonte.
Seus olhos, duas gotas de chuva que unidas finalmente ao mar,
se juntaram às outras, às visões perdidas, ondas perdidas.
De todos os mortos, há algo no mar,
se um pudesse sorver cada gota discretamente, sentiria o gosto
de prodígios montando a Roda Gigante, prisioneiros pintando
estuários de verde, generais de joelho aos pés manchados de sal
de camponeses, mulheres fazendo amor fogosamente
com outras mulheres.
Uma parte de cada desejo afogado, sua fonte indestrutível,
aparece na forma de um forasteiro que quer nos mudar.
Ele passou muitos anos buscando, morreu desejando,
conturbado até o final por forasteiros de dentro, de fora.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Crônica.

Laboratório.
                           

Nada como uma boa companhia.  Desta vez é o livro Blowout  da Denise no meu colo na sala de espera, o programa matinal da Ana Maria falando quase sozinho de tão alto que está a TV na parede, um zumbido para minha enxaqueca pós-impeachment.  Olho para as cadeiras de estofado azul, as pessoas com suas fichas e carteirinhas em mãos, claro, com seus smartphones tb e ninguém lê nem sequer a revista Veja (ainda bem) e de repente penso identificar outro iniciado ou melhor dito outro remanescente desta arte perdida de virar páginas e anotar nas margens, está parado com um livro azul em baixo do braço.  Mas quando tento lançar para ele meu mais aperfeiçoado olhar de cúmplice, ele gruda mais a vista na TV, na história que estão contando sobre Paulinho que perdeu a perna por causa de um câncer.  Contudo - é a voz da Ana que nos afirma - o Paulinho não se deixou derrotar, pois ele tem cérebro de vencedor.  Sempre teve.  A mãe, a professora, o velho coach de natação dele, todos nos confirmam, com detalhadas evidências.  E ele venceu. Todos podemos ter  cérebro de vencedor. É a especialista que repete, cheia de dicas:  o quê comer, a importância de correr ou andar de bici pelo menos três vezes por semana - e daí vem o mais importante -  the clincher! - que era algo assim como nunca deixar de acreditar em você mesmo e também um tanto nos outros, como o próprio Paulinho com a namorada que sempre o aceitou, no antes e no depois.  A Carolina.  Uma bela ragazza, para um belo rapaz com uma falta perdoável.  Volto para a Denise, mestra em mostrar como todas as perdas geram duas perspectivas possíveis: a do lamento puro, e a 'sempre pode ser pior', principalmente se a gente se comparar com os mais fodidos.  É a Denise que, neste tempos de pão e circo, e circo e circo e circo , vai e volta entre o marido perdido e as fábricas da Barbie nas Filipinas, as trabalhadoras magras e sobrininhas loiras, sempre elevando o nível do que me faz rir.  Do alto da parede, continuam mostrando o Paulinho, e tudo o que apreendeu a fazer com sua falta.  Até que de pronto, vem minha vez: estender o braço, fechar o punho, deixar a agulha fina desenterrar a veia que se esconde.  Os tantos tubos que vão se enchendo do produto do meu corpo-fábrica.  Vermelho.  Lindo.  Na saída, pego meu café cortesia da casa, a chave do carro, o livro.  Minha veia pulsa, uma leve dor de excesso contra uma artéria fina.  Prometo-me que vou me cuidar e que vai ser cada vez melhor: menos glúten, menos lactose, menos horas de insônia ou de roer as unhas pelo que não posso saber ou não posso ganhar.  Brinco, ando a passos confiantes, pela cor que vi, as páginas que li, como se com isso eu pudesse tudo:  contra as faltas, as perdas,  contra tudo aquilo que me reduz a mera  condição de quem a pesar de todas as dicas conselhos horas de biblioteca pode de repente se ver em apertos, perder o rumo ou simplesmente não mais saber discernir, o que é  para lembrar, o que não é para esquecer.

domingo, 1 de maio de 2016

Assia, Oran.

                                                                Imagem:  Miriam Adelman

Assia, Oran.

There are many ways to return to a homeland.
Smuggled bones.  A book you wrote about exile.
In the veil of night, to take up arms, or to
straddle a fence, or pick your way through
the boulders, on your belly toward an unwatched  
 border. A body awash on the seashore.  A covered face.
 A counterfeit heart.  Temporary silence.

To step off a  plane into 
  the arms of your love: that
  sounds more like the movies.
 And they may come for you
                 in the morning.

  

- Miriam