sexta-feira, 22 de novembro de 2013

It Takes Two to Tango (versão em português)

Escrito uns anos atrás, em inglês, com versão original aqui neste blog (2011), 
me motivei a fazer a tradução para poder compartilhá-lo com o grupo que se
reúne em Curitiba, na Livraria Poetria... e com quem mais o quiser ler:

It Takes Two to Tango

Avenida 18 de julio
y suave la entrada del invierno
en Montevideo
assumimos a noite
você com os cigarros um trás outro
infiltrando o ar noturno e fresco,
eu, desabotoando meu casaco de lã cinza
no calor inesperado da estação
e ao redor de nós, a praça, os casais

se deslizando tão suavemente
aos acordes largos, doces
uma perfeita sincronia
carregada no ritmo tenro da noite
enquanto a dança durar...

Teimosa garota, menino maluco.
Pode ser que cada um encontre seu ritmo
ou seu tempo – samba ou salsa,
valsa ou rock n' roll.
Creio que eu se pudesse dominar os movimentos
escolheria forró- que como
 o tango precisa dançar-se em duplas
porém é mais rápido e te faz dar risada
no hora que perder o passo ou quando o baile
terminar

mas esta noite em Montevideo
a música que flutua ao redor de nós
tem um gosto de tragédia
e nos dizem, esta é uma cidade
de velhos, e um avô
puxa sua pequena neta pela mão
muito suavemente
e ela (como eu) não consegue
dominar o ritmo, os passos
enquanto o tempo se derrama sobre nós
como se a fórmula fosse essa – a vida
se desdobrando sempre em pares, uma
linguagem de cumplicidade ou duplicidade
na qual eu sou apenas
falsamente
fluente


o que te pega mais?
o trágico ou o cômico,
juntos ou separados?
aqui a dança termina cedo
mas tem ainda a Malena, cantando
enquanto a noite adentrar nesta
cidade dos velhos.

Escolha minha talvez fossem
as pampas,
cavaleira solitária sob a cúpula da lua
ou em movimento com as multidões
ou apenas uma a mais
na manada galopante
onde se perder o ritmo
ou a sincronia, ou simplesmente
não entregar a mercadoria
ninguém vai perceber:
nenhum duelo cruel,
nenhum lado da cama
ou do guarda-roupa vazio
e podemos apenas continuar
nossas vidas, sob as estrelas
deste planeta de bilhões.


   - Miriam Adelman 

sábado, 16 de novembro de 2013

Second degree burn (work-in-progress)



Though it’s three in the morning, the nurse
In the burn ward is cheery, barely
scolds me  for waiting too long at home 
for the pain to subside, hours with
fingers submerged, messy layers of epidermis and blisters,
and heat going on and on. Lucky, she says,  steam doesn’t
burn like fire.  It climbs away quickly, merging
with its originary air, so fleeting that you
will soon forget, let go of misfortune, get on
      with things of day and life, step out boldy and barefoot again
onto the summer asphalt, stop wallowing
 in your misery.

-           Miriam Adelman