quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mais uma tradução

Poema meu, de uns anos atrás (o original em inglês encontra-se neste blog, em postagem
antiga).

Dia das mães, 2011.

Minha égua e eu subimos
a última rua da favela
passando o coágulo de fumaça
onde uns garotos queimam lixo:
uma rasgada camiseta vermelha,
garrafas plásticas, pacotes de
leite. Seguimos o morro até o topo,
até os braços de roca onde a vista
deste pequeno canto do mundo
nos segura. De repente
não tem mais gente.
Sumiram também
os vira latas amarelos e
seus latidos curtos
e estamos só nos duas, eu e a
Madja, suas orelhinhas indo
para frente, para atrás
e para frente de novo,
num galope contido, pela trilha
de areia que contorna muralha de
pedra, pinheiros partidos até
a raiz

Descemos pelo bairro,
minha égua colocando
seus pequenos cascos
um por um, sobre o arenito
endurecido de uma terra
com sede. Ela me protege,
protege a cria que cresce
dentro dela, que virá
na próxima virada
da estação, junto com
os dias mais longos.
E aí vamos, de novo,
por onde os garotos
deixaram a pilha de restos
amassados, onde voltam
também os vira latas amarelos
e as senhoras, de braços cruzados
em baixo do sol amarelado
do inverno, deixaram os sacos
de lixo todos arrumadinhos,
uma fileira de verde escuro
que espera o caminhão.
Uma garota passa
com bebê nos braços.
Será seu? Ontem
assisti um filme sobre uma mãe
e o filho dela que virou fumaça,
a história seguindo seu curso
como nesses dias que nada
podemos fazer para pará-la.
Caminhos de pedra, trilhas de
areia que conduzem ao topo
ou ao pé do mundo: terra
baldia de ambos os lados, e nada
pode fazer-se com os meninos
uma vez que se perderam

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Traduzi hoje...

este poema meu  de uns anos atrás:

os macacos

os macacos tagarelas me deixam sem palavras.

pendurada aqui no silêncio de um galho sem folhas
eu os observo, sua dança ágil,
e como no seu regozijo vão balançando de ramo em ramo
o rabo tão útil quanto mão ou pé,
e como lhes sobe a raiva e logo em seguida a alegria, e
quão fácil é reconciliar-se com filhote, parceiro ou o
resto do bando irrequieto, quão fácil
compartilhar as frutas vermelhas
que passam de pata
     em pata

espero e observo da minha árvore distante,
uma plataforma improvisada que cede sob meus pés
no frio da madrugada.
o alaranjado sol africano sobe devagarinho
aqui, nesta ordem humana, onde
custa tanto aprender qualquer movimento
onde qualquer pulo é perigo.







quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Another short one!



Just as the dwarf cherry tree
cut and stunted to human dimensions
   still
needs its dosage
   of sun, wind and rain, we

 reach
      not only into
this night in the city
but
  into someplace
     that is buried,
balancing with bare feet
over rough edges, hot sand -
      risking  the  leap!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Perhaps

unexpected affection
at the end of springtime ?

  or perhaps just more of the same old tricks:
     hands, elbows, shoulders touching,
                  flight.