quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Clear as Day

A new one of mine, English and Portuguese versions. (Which one works better?)


Clear as day that you never loved me.
There are buffalo running the plains of your mind
thundering the earth straight down to the Rio Grande.
Lone cowboy heading  toward a streak of frontier,
flickering arrow across the screen, blood pulsing through
true grit's silver heart.

Clear as day that it wasn't in the cards. Quick flip for a sharp eye.
I sit at the watering hole with the gentle-eyed beasts
while they stretch their necks and nibble my fingertips.
Power lines loom the real horizon.
Touch is speedy. And there's noise from the highway.

Yeah, clear as day that I never should have loved you:
cloak of years warming the night of a wounded boy,
some moments of respite, a merely temporary show of lights



É claro como o dia que você nunca me amou.
Búfalos correm a pradaria da tua mente,
golpeando a terra até o Rio Grande,  vaqueiro
solitário rumo ao oeste, rumo ao risco fino da fronteira,
flecha atravessando a tela, o sangue que pulsa
num ousado coração de prata

É claro como o dia que não estava nas cartas.
Sacada rápida para o olho esperto.
Eu sento ao lado do poço com os animais de olhar manso
que esticam o pescoço e mordiscam meus dedos.
Os fios de luz atravessam o real horizonte.
É toque relâmpago. Ruido vindo da autopista.

É claro como o dia que eu não tinha porque te amar:
a capa dos anos aquecendo a noite do menino,
momento de repouso, um jogo de luzes meramente provisório.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Tradução, de novo...

Voltando ao trabalho de tradução de poetas que eu gosto, após meses de ausência relativa....

Eis aqui, primeira versão do poema original publicado em postagem anterior, Nocturne, do
poeta Frank O'Hara, associado à geração Beat.

Nocturne.



Não há nada pior
 do que estar triste e
não poder te contar.
Não é porque você me mataria
Ou porque isso te mataria, ou
porque não nos amamos.
É por causa do espaço. O céu
cinzento e claro, com sombras
de cor de rosa e azul embaixo
de cada nuvem.
Uma pequena aeronave derruba seu
pó sobre o prédio das Nações Unidas.
Meus olhos, como milhões de
quadradinhos de vidro, simplesmente refletem.
Tudo me revela,
De dia morro de calor e de noite,
congelo.  Eu sou feito
 para não suportar o rio, qualquer leve
ventania quebraria minhas fibras.
Porque não pego rumo ao leste e oeste
Em lugar de ao norte e ao  sul?
A culpa é do arquiteto.
Dentro de uns anos serei inútil, nem
sequer um prédio comercial. É, porque
você não tem telefone e mora
tão longe; a placa da Pepsi-cola
as gaivotas e o ruído.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nocturne, by Frank O'Hara


There’s nothing worse
 than feeling bad and not
being able to tell you.
Not because you’d kill me
or it would kill you, or
we don’t love each other.
It’s space. The sky is grey
and clear, with pink
and blue shadows under each cloud.
A tiny airliner drops its
 specks over the UN Building.
My eyes, like millions of
glassy squares, merely reflect.
Everything sees through me,
in the daytime I’m too hot
and at night I freeze; I’m
built the wrong way for the
 river and a mild gale would
break every fiber in me.
Why don’t I go east and west
Instead of north and south?
It’s the architect’s fault.
And in a few years I’ll be
useless, not even an office
building. Because you have
no telephone, and live so
 far away; the Pepsi-Cola  sign,
the seagulls and the noise.

Frank O’Hara.