- Denise Duhamel
Mister Rogers
recomenda dizer às crianças americanas
que a tristeza faz
parte. Apresente então para elas o globo
em lugar do mapa
ordinário, para mostrar e dizer
quão longe realmente
fica o Oriente Médio. Enfatize que
assistir meteorologia
da TV Saudita não quer dizer
que se chega lá de
carro. Enfatize para elas o que
seu presidente lhes
garante: que toda vida é preciosa,
a de uma criança
iraquiana igual à do soldado americano.
Diga isto para seus
filhos, acreditando ou não
nas palavras
dele. Fale para as crianças que seus
pais
sejam civis ou soldados,
as amam, seja qual for
o chão que habitem. Considere
descrever para elas
a guerra como ela é,
mas se sua filha jogar Nintendo, não lhe sirva
sangue em lugar de
leite no cereal matinal. Se seu filho
andar numa gangue
perigosa, então deixe que ele
te explique a
guerra. Aos pequeninhos, sugira
que levem seus jogos
de química para a areia do parquinho.
Se você ensina arte,
explique eventos atuais
com bonecos de papel. Uma
corrente de homens de cartolina vermelha:
George Bush, Dick Cheney, Sadam Hussein, et
cetera.
Peça para os aluninhos
que amassem um dos bonecos,
que lhe deem o nome
Noriega. Que o joguem num copo de papel
que representa a
cadeia. Nesse momento pode fazer
perguntas
para que percebam o
quanto um boneco se parece
com o outro. Peça para cada criançinha
escolher um que seja
seu favorito.
É esse que devem
retalhar, os pedaços mais minúsculos
que suas tesourinhas permitam.
Talvez alguns
aluninhos se inquietem, se polvilhando uns
aos outros com os
pedaçinhos cor carmim. Permita isso:
confete, carnificina,
neve vermelha, bombas.
Versão: Miriam Adelman
Versão: Miriam Adelman