quarta-feira, 28 de abril de 2021

Sign Language Barbie/ Barbie LIBRAS


BARBIE LIBRAS


Barbie flutua no centro do palco

em seu vestido cor-de-rosa, seu marido,

um rosto de papel forçando um sorriso.

Ele se desespera ao tentar se lembrar

do miolo do discurso

que fará a esposa-boneca.

Barbie torce a boca numa careta momentânea,

não querendo parecer muito confiante, 

as luzes que lhe farão um halo, o comportamento

desvairado do marido dela, a cara que vai ficando roxo

em sua nuvem carregada de mentiras. 

Então a Barbie se lembra do dever  -  

sinalizar para quem não consegue ouvir

- e que tem também uma imagem para recuperar,

e as multidões que a aguardam,

 enquanto mastigam amendoim ou pipoca.  

Lembra-se também do encanto discreto

das caridosas, como aquelas damas inglesas

em um filme que viu uma vez, polidas nas gentis artes 

da distração, que disfarçavam tão bem seu nojo 

pelas criadas. Os generais da época andavam

a cavalo, levantavam seus óculos para ler mapas,

escreviam para casa, para mulheres em vestidos longos

 e luvas brancas.  Barbie nunca leu um romance

 britânico, nem mesmo um livro de etiqueta,

mas jura que dominou tudo por intuição,

e pelas viagens frequentes ao estilista top.  

Neste admirável mundo novo, a Mattel agora

oferece uma Barbie pastora, com ovelhas

e pastagens de plástico, um Ciclope para conquistar

e até o Rambo Ken que pode se transformar

em um homem de verdade, pronto para puxar sua arma

na primeira briga de trânsito.

Mas a Barbie Libras é um problema: como se obter os

múltiplos movimentos de pulsos e dedos,

 fabricar mãos que varrem suavemente para cima 

e para baixo em gestos não muito robóticos.

A Mattel mobiliza seu exército de engenheiros, 

esperando que esta Barbie traga boas vendas

 para um mercado em queda, hoje que as garotas

 estão sempre querendo da vida

coisa demais.



SIGN LANGUAGE BARBIE

Barbie floats center stage in her pink dress,

her paper-faced husband forcing a smile. He is struggling

to remember the gist of the speech she 'll deliver. 

Barbie twists her mouth in momentary grimace, 

not wanting to come off too self-assured,   the lights that will

 halo her,  the clumsy demeanor of her husband, so purple

 and smothered in his raincloud of fibs. But then

she's reminded of duty, how she signs to those

who can't hear,  of the image to  recover

and the peanut -crunching crowd.  The irresistible

 charm of the  charitable,  like  those English ladies

 in a film she once saw, so polished in gentle arts of

distraction, so  promptly disguising their scorn for the handmaids.

The generals all rode horses back then, raised their  monocles

 to read maps, wrote home to women in long white dresses

and gloves.  She has never read a British novel,

not even a book of etiquette but swears

 she has mastered it all by intuition, and the frequent trips

 to her top-notch stylist.  In this brave new world,

Mattel now offers plastic sheep and pastures, a Cyclops

 to conquer and even Rambo Ken who can morph

 into a real man, ready to pull his gun at the first traffic fight. 

 Yet this Barbie has issues:  how to fabricate the multiple

 movements of wrists and fingers, make hands that sweep

 softly up and down in gestures not too robotic.

 Mattel calls its engineer army into action,

 hoping this Barbie can bring good sales to a falling market,

 one where girls are always wanting more out of life. After all,

has she not come in the flesh of a savior, someone chosen 

to return to the unborn their value, quiet to the streets, 

 and a choir of angels to  home and  hearth?


(original em inglês e tradução ao português :  Miriam Adelman)

 


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