sábado, 15 de agosto de 2009

five of staves

[Five of Staves (Wands): Young Men Fighting or Playing with Green Poles, by Diane Wakoski- do livro "Medea the Sorceress]

Este poema foi traduzido por Sabrina Lopes (lopessabrina@blogspot.com). Como vocês podem ver, estamos "acumulando" um bom material para nosso projeto, em andamento, de tradução e reflexão sobre a obra de duas poetas (por enquanto), as norteamericanas Wakoski e Cisneros.



O segredo
sempre foi
o que os homens acham
pra fazer
uns com os outros. Essa grande
maioria de momentos que, como o futebol
e certas micoses, e mineração
excluem mulheres.


Nós temos tão
pouco.
A taba
aonde ir
quando sangramos, e a lua nada
ou vai embora com a água dentre nossas
coxas


Polo aquático,
um esporte grande,
em meu colégio californiano,
o eleito dos riquinhos que moravam
com suas piscinas em the Heights
garotos
que dirigiam seus Fords novos
antes de entrar na faculdade, depois
do aniversário de dezesseis, garotos
que fechavam os olhos quando tocavam
a gente nos lugares molhados, todas
nós querendo ver suas mãos
saírem limpas de sangue. Mas os
lábios, sempre sangrentos.
disséssemos “Bah-bah-bah-
Bah-bah-bra-Ann” ou
my “Little Deuce Coupe”
bebêssemos cherry cokes
ou leite, poetas ou cinéfilas, andamos em nossas crinolinas engomadas
e blusas de lacinho indo mensalmente
para os quartos segregados, cheirando
a peixe sob a água de colônia.



Mas os garotos, eles se divertiam
quando estavam segregados;
quando ficavam juntos sozinhos
eles tocavam
– com piadas,
ou saudações
“Meu chapa”
como nunca fizemos;
eles falavam,
como ainda não podemos,
descobriam como o mundo gira,
como a gente,
é claro,
não.


E polo aquático, os garotos
batendo aquela bola grande e branca
na água verde-esmeralda
da piscina olímpica da FUHS,
Oh, eles sabiam até nossos segredos.
Que a lua que eles tinham lançado e espirrado e estapeado
na água era justo como aquela
empurrada dentre nossas coxas todo mês
- se éramos boas,
- se tínhamos sorte,
- se fossemos espertas.


Oh, não me diga NUNCA
que as mulheres têm vidas secretas
ou tesouros
que ninguém fora outras mulheres
conhece.
Me diga,
ao invés,
que o segredo é,
sempre foi,
por que homens têm tanto prazer
na companhia uns dos outros, por que mulheres,
quando segregadas e juntas
de outras, só têm taba menstrual,
o velho, grosso sangue mensal
pra dividir?
ou o tabu oposto:
o clonezinho nosso
moldando dentro de nosso corpo,
seu rosto e forma a partir da lua,
que some então por nove meses ainda
mais
solitários.

Uma criança no lugar da mãe.

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