sábado, 7 de fevereiro de 2009

Diane, traduzida.

Aqui Sabrina Lopes e eu apresentamos nossa nova parceria, traduzindo o poema de Diane Wakoski que aparece em baixo, em postagem anterior, em inglês. O fôllego inicial é da Sabrina, eu entro como colaboradora. E aceitamos sugestões!


A sacerdotisa Medeia

Diane Wakoski

Ela está na Casa da Mãe Solteira em Pasadena,
a única menina que lê poesia. Ele escreve pra ela
do internato, ela decora os sonetos de Shakespeare
enquanto se exercita
no pátio poeirento
da Casa.


Magia alguma muda sua vida.
Ela ouve da Assistente Social que
ERROU porque
ainda ama J
não se arrepende de nada que fez por amor
não acredita que é má
não se culpa por desistir do bebê
crê que a vida seguirá seu percurso, assim como
sempre seguiu
não vai falar sobre seus erros.


É o mesmo que estar no deserto,
a vidinha na sala com chão de linóleo,
comendo com garotas estupradas pelo pai,
e garotas que foram pegas, mas ninguém sabe com quem,
e garotas de só 13 anos
e garotas que eram enfermeiras dormindo com doutores
e garotas que queriam esquecer de tudo e entrar pro exército,
garotas todas grávidas e envergonhadas e que sabiam estar vagando por algum deserto, mesmo que a maioria delas,
a maioria de nós, não soubesse
o nome das serpentes do deserto, nem de mariposas como a Dusty
Silverwing, nem
sobre as tocas estreitas das corujas, ou o aroma persistente da artemísia,
quando a noite estava limpa, limpa como a gente sabia que ainda era.


Então, se ela fosse Medeia, quando as cartas dele chegassem
falando como quem não quer nada de encontros com outras garotas, garotas
que não estavam grávidas,
decidiria que não resta mais escolha. Ela
o mataria, e mataria os filhos, e igual à Sacerdotisa
partiria para outro mundo, em sua carruagem tocada por dragões.


Ela desistiu do bebê. Sem remorso. Só os fracos têm
remorsos. Ela voou em sua carruagem com todo seu poder de dragona para Berkeley,
daí Nova York, então o Meio-Oeste, e finalmente esse Café
onde senta contando a lenda, não da tribo,
mas dela mesma, e a despeito do que os outros dizem, ela sabe
que a canção, que essa Lua Prateada da Irrequieta Dama da
Luz do Dragão canta,
é a lenda de pelo menos metade
da tribo.


Toque seu instrumento, Pistoleiro.
Aclame, Maximus.
Ascensão é queda, Dr. Paterson,
Oh, Amor, poeta caolho, aonde me leva agora? Ninguém
deveria
Estar na Casa da Mãe Solteira. Verdadeira Terra
Desolada.
Essas cartas, que não são cantos, que não são canções, vão para o Craig,
Cavaleiro da Luz do Colibri,
pro Jonathan que entende o mito da mulher que
"Dorme nas
Chamas"
Para o Homem de Aço, meu marido, que me ama nas noites em sua
invisível Capa
de Escuridão,
e para todas as mulheres, a outra metade da tribo,
pra Eva que se atreveu comer a maçã, eu escrevo essa carta
e eu também assino

Diane

A Dama da Luz.

Um comentário:

  1. essa estrofe talvez possa ir sem a repetição:
    Então, se ela fosse Medeia, quando as cartas dele chegassem
    falando como quem não quer nada de encontros *com outras garotas,
    que não estavam grávidas,*
    decidiria que não resta mais escolha. Ela
    o mataria, e mataria os filhos, e igual à Sacerdotisa
    partiria para outro mundo, em sua carruagem tocada por dragões.

    continuo naquela, e agora com o ciático (que horror) gritando. salvei as poesias pra ler em casa. o diálogo espero que amanhã.
    beijo.

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