A primeira semana no Peru acaba. Acabo me acostumando um pouco com aquilo que num primeiro momento impressiona, esse impacto “do exótico” que tem por trás o cotidiano do@s outr@s – neste caso, muito imbuído do performance que se faz para o turismo, ou como dizem no Brasil, aquilo que se faz “pro inglês ver”... Até por que acontece algo que me traz, rapidamente, de volta para o realismo: viajando entre Puno e
Arequipa de ônibus, num momento de descuido, levam nosso laptop junto com alguns documentos meus! (Depois, horas passadas nas dependências de delegacias e embaixada, vivenciando a burocracia com suas exigências não poucas vezes ridículas e aquele sentimento de culpa que deve ser muito comum quando estas coisas acontecem, tipo que burra que eu fui, porque não tomei mais cuidado, como se não soubesse cuidar das coisas, da vida, como se não soubesse ser viajante, quer dizer, ser... turista!)
Óbvio que o turismo é, entre outros, um dos fenômenos que move o mundo hoje. Indústria como qualquer outra, onde “o lazer de uns é o trabalho de outros”. Lugar onde as identidades são (re) construídas e “consumidas”. Espaço social onde uns procuram “o autêntico”, o diferente, o Outro. (E alguns, apenas se divertir...) Onde achamos o que queremos e por vezes, o que não queremos. Um fenômeno relacionado à procura do que somos através desse Outro, ou seja, aquilo que supostamente não somos. Captado em escritos e diários de viagem fascinantes, ao longo da história , moderna e pré-moderna, e hoje em dia, no cinema, que também promove um imaginário onde as viagens – mesmo quando a estrada não se faz mais a cavalo ou num calhambeque caindo aos pedaços, mesmo quando é tão fácil subir ao avião e pagar a passagem em 10X – são verdadeiros momentos de catarse. (Por isso acho genial a sacada de uma amiga minha, que percebeu o filme de Woody Allen,
Vicki, Cristina, Barcelona, como uma sátira: você viaja, você se relaciona com esse “Outro”, até você sofre, se mete em encrenca, passa cada uma e volta... igual, à vida de sempre, ao “nada mudou” ou ao business as usual...). Assim, como é eu posso narrar o Peru? Mas preciso narrá-lo. Para mostrar para @s outr@s que fui? Para pensar sobre “verdades sociológicas” e compartilhá-las com pessoas que quero e pessoas que não conheço?
Em todo caso, ontem meu filho e eu concordamos que a viagem valeu muito a pena.
Ter, agora em diante, as imagens daquilo que a gente viu, um país de natureza exuberante e cultura milenar, a repetida mistura de riqueza humana e as pobrezas do mundo humano, tão belo e tão mesquinho e cruel. Jurar que vamos voltar, e na próximas, saberemos navegar melhor os desafios e procurar os cantos menos conhecidos. Continuar falando com as pessoas e convidar algumas, as mais especiais, a que nos visitem, na nossa casa, nossa cidade – ou no meu caso, no pais que adotei, ou que me adotou...
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Oh, Mimi, I loved this. Yes. - Nina
ResponderExcluirChére Miriam,
ResponderExcluirJe sais pas comment vous contacter par mail, j'en trouve pas...écrivez-moi s'il vous plaît@drinking-songs@hotmail.com