Anthem / Hino - Kendra DeColo
“I Heart Pussy”
Whoever believed these words
enough to carve each letter
into
the green paint
of a bench drizzled with leaves
one
autumn, must have loved too the heat
of the word
as it flushed from heart to finger,
slipped
through the throat like a koi
in a corporate pond.
how you can say it sober on a clear morning
and let the murk sprawl
open the inner eye, mouth
stunned with the church-musk
each cut and stroke
made holy with gush and ephemera.
He or she must have felt the word
pierce the core
of their lopsided heart
until it gleamed
in the gouged wood, must have
stood on
the bench like the president
of all the strip malls
of America, dressed in smoke
and aftershave,
wanting to shout:
Praise the under-shimmer
and bisected vowel!
The world belongs to the panty-less
and unshaved.
God bless the subwoofer and carnival
ride-hitching, the jukebox
junkies,
five-and-dime
store-thieving laureate
of all things
counterfeit
and candescent.
He or she must have
believed in a world where Pussy
is king, where all day Pussy
rides the subways of the heart
illuminating the anthems
scrawled
there
what is too precious
to be said aloud,
what is so beautiful it’s a sin.
HINO
“ Eu Coração Xoxota”
Quem acreditou nestas palavras
o
suficiente para gravar cada letra
na
tinta verde
de um banco chuviscado de folhas
em algum outono, deve também ter amado o calor
da palavra
enquanto movia-se do coração ao dedo,
deslizando-se na
garganta como uma carpa
num tanque
corporativo.
como pode dizê-la
estando sóbrio numa manhã clara
e deixar a opacidade espalhar-se
abrir o olho interior, boca
atordoada pelo almíscar de igreja
cada corte e movimento
tornando-se sacra pelo excesso e pelo efêmero.
Ele ou ela deve ter sentido a palavra
furar o centro
do seu torto coração
até que brilhasse
na madeira machucada, deve ter
ficado em pé no banco como o presidente
de todos os shoppings de subúrbio
da América, vestido de fumaça
e pós-barba,
querendo gritar:
Louvados
sejam a maquiagem brilhante
e a vogal bipartida!
O mundo pertence aos sem calcinha,
aos que não fazem a
barba
Deus abençoe o amplificador de som e o carnaval
a carona, os viciados no
jukebox, o
ilustre ladrão
de mercearia que furta
todas as coisas
falsificadas
e
incandescentes.
Ela ou ele deve ter
acreditado num mundo onde Xoxota
é rei, onde o dia todo Xoxota
passeia pelos trilhos do trem subterrâneo do coração
iluminando
os hinos
que
ali pixaram
algo que é tão
precioso
que não pode ser dito em voz alta
algo
que de tão belo, é pecado.
Tradução: Miriam Adelman