quarta-feira, 13 de abril de 2016

Scenes from the neighborhood/Cenas do bairro



"What would he do without his horses?" asks Dona Benedita, the common law partner of 'Zé dos cavalos [Zé of the horses].  She explains that she also rode - how she loved country life! - when she was a girl.  Benedita and Zé live in a northern neighborhood in the city of Curitiba, where they have now spent more than thirty years, working, raising a family and observing the intense change brought about as more the metropolitan area has been urbanized (and neighborhoods like their own, situated at the jaggedy edges of gentrification processes, a mix of middle class residences and ramshackle constructions which bring the word favela to mind).  The couple, along with their children and grandchildren, have managed to get by, resisting the onslaught of ruthless patterns of urban development spearheaded by the interests of a lucrative construction industry:  an affluent neighbor has complained about manure and animals, but the kids in the hood who happily hop onto one of Seu Ze´s  horses and head off over the hills where the power lines impose building restrictions are the happy beneficiaries of a paradox.

'O que faria ele sem seus cavalos?' ,  pergunta dona Benedita, a companheira do 'Zé dos cavalos'. Ela explica que também montava - como amava a vida do campo !- quando era menina.  Moradores de um bairro do norte de Curitiba há mais de 30 anos,  eles continuam cultivando uma vida que para outros pode parecer um resquício de tempos passados, que não produz nostalgia ou respeito em todo mundo - Dona B. conta, por exemplo, que há vizinho que reclama dos cavalos, hoje 7, que eles mantém.  O casal, junto com filhos e netos,  moram em um dos muitos bairros da cidade que ao longo das últimas décadas vão sendo profundamente modificadas - casinhas de madeira cedendo pouco a pouco a condomínios e sobrados de classe média alta ou baixa, ruas que antes eram de terra sendo cobertas primeiro com anti pó e depois, camadas de asfalto - que também, com a passagem do tempo e das águas, vão  se tornando irregulares e esburacadas, mas sem deixar de permitir o aumento do trânsito dos automóveis.  Mas Seu Zé e seus cavalos resistem - as torres de luz e o morrinho que as abriga formou uma barreira não intencional ao apagamento de suas condições de sobrevivência -   e para a garotada que mora aí perto, poder subir num dos animais em um sábado ou domingo ensolarado, como o dia de hoje, é um grande luxo, um prazer e um paradoxo da vida nos interstícios.


Dona B,  março 2016.  Imagem:  Miriam Adelman








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Diário de campo