segunda-feira, 16 de outubro de 2017

historias de guerra/war stories

(wrote it, translated it, working on it...)



A história cotidiana da guerra se esfuma.
Há quem não escutou nem o uivo longínquo dos lobos
quando seu bosque virou toda fumaça e pele humana.
Há quem não sentiu a falta dos tímidos rapazes, os arrastados
ou mesmo os brabos que se arrependeram quando passou-se
da palavra ao fato. Em certas cidades,
havia quem se dedicasse ao corriqueiro:
ao jogo de baralho na cantina do bairro,  ou à visita costumeira
à costureira, pensando ainda no baile, ou nas filhas debutantes.
Havia, como sempre, quem escondia o escasso alimento
 assim como aqueles que repartiam o último pão, ou colhiam
as maças ainda aninhadas  nos galhos,  saindo pelos campos a
distribuir as magras fatias entre as crianças escondidas no
capim ao lado dos trilhos. Nunca saberemos exatamente quantos:
os  perseguidos  escondidos no porão, ou  na cava
numa noite rebelde, ou num coração refugiado na loucura. 
Sempre contavam versões que mudavam:  com o sol, a lua,
com a chuva que limpava um pouco do sangue,
dos restos humanos,  as cinzas.  Os ossos ficam,
embranquecendo uns tempos sob um verão que sempre volta,
e nunca saberemos  dos nomes, das partidas,  somente
que as lições mais urgentes nunca se aprendem.  Mais fácil é
 alimentar os pequenos monstros,  velar pelas últimas migalhas,
 amarrar o pano na boca das palavras,   cultivar aos poucos apenas uma
aleijada imaginação, que não consegue nem lembrar
nem esquecer.



The daily underside of  war slips away.
There were those who heard nothing, not even the distant
howl of wolves when their woods went up in smoke and skin
and those who missed not even the shy boys, the ones who
were dragged away, nor the rowdy who wanted to
flee when word turned to act.  In some villages
there were those who held out in the commonplace:
the card game at the tavern, the habitual visit to the
dressmaker,  reminded of dance halls or debutant daughters.
There were, like there always are, those who stashed away
tidbits of food, or who picked the last apples nestled in branches,
then slipping away from the fields, handing the thin slices out
to the children hiding in the grass near the train tracks.
We will never know the exact numbers:  those left hidden
in attics or wine cellars,  or on some tumultuous night
or in some heart that fled into madness.  The stories  they told
were constantly changing:  in the sunshine, under the moon
or when the rain washed away some of the blood,
vestiges, ashes. The bones however remained a bit longer,
slowly bleaching  in ever-returning summer. And the names
and departures we cannot ascertain. We know  only
that the most urgent lessons are the ones never learned.  Easier it is
to feed our little ghouls from our hands, hover over  the last of
the crumbs, tie dirty rags around mouths full of words,
 nurture slowly but surely a wretched  imagination
unable to remember, unable to forget.

Farmers’ market (w-i-p )

  Farmers’ market   Though the brown bags of organic rice dwindle and cost us um olho da cara       bananas are stacked in full corn...