quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

TRES MULHERES de Sylvia Plath

Publico aqui, para inaugurar este blog, apenas os primeiros versos deste texto poética de Sylvia Plath, uma das maiores vozes de poesia em língua inglesa do século XX. Uma primeira versão deste trabalho meu de produção de uma versão em língua portuguesa está disponivel na Revista Sibila (http://sibila.com.br/estadocritico34mulheresplath.html. ). Sairá uma nova versão, revisada pela escritora e colega Marcia Cavendish Wanderley, junto com um pequeno texto analítico meu, em próximo número da revista Gênero (UFF). Avisaremos!


TRES MULHERES.
Um poema para três vozes.

Cenário: uma maternidade e outros lugares.

Primeira voz:

Sou lenta como o mundo. E muito paciente.
Vou rodando no tempo. O sol e as estrelas
me observam com atenção.
A atitude da lua é mais íntima: passa e
volta a passar, luminosa como uma enfermeira.
Ela se entristece com o que vai acontecer?
penso que não.
A fertilidade simplesmente a deslumbra.

Quando saio, sou um grande acontecimento.
Não preciso pensar, nem sequer ensaiar.
O que em mim acontece, acontecerá simplesmente.
O faisão aparece na colina, ajeitando suas escuras penas
sorrio sem querer, pensando sobre o que sei.
Folhas e pétalas me atendem.
Estou pronta.

Segunda voz.

Quando primeiro a vi, pequena fuga vermelha, não acreditei.
Observei os homens passeando pelo escritório. Todos eles muito achatados!
algo neles lembrava papelão, e agora eu também , agora percebia
essa forma chata, chata, achatada da qual procedem
idéias, destruições, guinchos, guilhotinas e as
câmaras brancas de uivos,que
produzem sem parar os anjos frios, e as abstrações.
Eu sentada na escrivaninha, minhas meias, meu salto alto

e meu patrão rindo de mim: “Você viu algo
terrível? De repente, tão pálida”. Eu nada disse.
Eu vi a morte nas árvores nuas, a falta.
Não consegui acreditar. Pode ser tão difícil para o espírito
imaginar um rosto, uma boca?
As letras procedem destas teclas pretas, e estas teclas procedem
dos meus dedos alfabéticos, que organizam partes,

Partes, pedaços, dentes de engrenagem, os múltiplos brilhantes.
Permaneço sentada enquanto morro. Perco uma dimensão
Trens rugem nos meus ouvidos, partidas, partidas!
O trilho prateado do tempo se afasta, esvazia-se na distância
O céu branco esvazia-se de suas promessas
como se fosse um copo
Estes são os meus pés, estes mecânicos ecos.
Tap, tap, tap, estes pregos de aço. Me encontram com minha falta.

É uma doença que levo para casa. É a morte.
Novamente , isto é a morte. Serão o ar,
e as partículas da destruição que aspiro? Sou
uma pulsação que mingua, mingua , encarando o anjo frio?
Será este o meu amante então? Esta morte, esta morte?
Quando era criança amava um nome rasgado.
Será este então meu pecado, este velho e antigo
o amor à morte?

Terceira voz.

Lembro do minuto quando tive certeza.
Os salgueiros me arrepiavam.
O rosto na poça era lindo, mas não era meu–
Tinha aparência pomposa, como todo o resto,
eu só podia ver os perigos : pombos e palavras,
estrelas e chuvas de ouro – começos, começos!
Lembro de uma asa branca e fria

E o grande cisne, com seu olhar terrível,
Vindo para cima de mim como um castelo , como um castelo, na superfície do rio
Há uma cobra em cada cisne.
Ele passou deslizando; e havia em seu olhar
algo escuro e malvado
Nele vi o mundo – pequeno, escuro, cruel.
cada pequena palavra enganchada em outra palavrinha ,
e de repente.
De um dia quente e azul, rebentou uma outra coisa.

Eu não estava pronta. Brancas nuvens empinavam
e me jogavam em quatro direções.
Eu não estava pronta.
Não tinha a reverência suficiente
Achava que podia negar as conseqüências. Mas era tarde
demais, e o rosto foi tomando forma amorosamente,
como se estivesse pronto...

2 comentários:

  1. Mujer engañada por su marido, Silvia Plath fue una escritora excepcional y precoz. Ensalzada por las feministas del mundo entero, su poesía era en parte fruto de un trastorno bipolar. Mujer rebelde, después de haberlo intentado varias veces en el curso de su vida, acaba suicidándose con el gas de su cocina. Deja un poema póstumo que adjunto a continuación, y abandona a sus dos niños pequeños a su suerte.

    La mujer alcanza la perfección.
    Su cuerpo
    Muerto porta la sonrisa del deber cumplido,
    La ilusión de una necesidad griega
    Fluye por los papiros de su toga,
    Sus pies desnudos
    Parecen estar diciendo:
    Hemos llegado hasta aquí, es el fin.
    Dos bebés muertos hechos ovillo, serpientes blancas,
    Cada uno prendido a un pellejo
    De leche, ya vacío.
    Ella los ha replegado
    Hacia su cuerpo como pétalos
    De una rosa que se cierra cuando el jardín
    Se endurece y las fragancias sangran
    Desde las dulces y profundas gargantas de la flor nocturna.
    La luna no se habrá de entristecer,
    Allá en su atalaya de hueso.
    Tiene, de todo esto, la costumbre.
    A rastras crujen sombras negras.

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  2. Gracias por el comentario y el poema. Me va a encantar que leas el texto que acompaña mi traducción (cuando salga en la Revista Gênero) pues discute las diversas formas en que la poeta ha sido representada - através de diferentes tipos de discursos críticos. Para continuar la conversación...

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