quarta-feira, 17 de junho de 2009

Las Girlfriends, de Sandra Cisneros.

Dando continuidade ao projeto de tradução do trabalho poético da escritora chicana Sandra Cisneros, posto hoje esta versão do seu poema "Las Girlfriends". Agradeço a Sabrina Lopes e Marcia Cavendish Wanderley pela ajuda. As sugestões delas foram fundamentais para conservar, na nova versão, o espirito das gírias e a linguagem coloquial usadas pela poeta, e remetem a essa parte - a mais dificil - de nosso trabalho, a da "tradução cultural".

Dê uma gorjeta pra garçonete
de calça jeans apertada.
Ela é minha amiga.
Já foi e voltou do inferno.
E eu também.


Amiga, eu acredito em Gandhi.
Mas tem algumas noites que nada dá
tão precisamente como uma garrafa de Lone Star
quebrada em alguma cabeça.

Semana passada neste mesmo bar,
dei um chute no traseiro de um cowboy
que quis pegar na bunda da Terry.
Como vou explicar? Era todo Texas
que eu chutava, e os de todas nós
tavam na reta.

No Tacolândia, a Cat dançava
um flamenco furioso ao redor
do jogador de sinuca de língua felpuda.
Um dança de guerra de certa maneira
por todas as sacanagens que já
nos fizeram.

E a Terry aqui, também fez história.
num bar desta rua onde não a deixam
entrar, e n´ outro no baixo da central.
E naquele café francês em Austin
ninguém me convida- entrez vous

A pequena Rosa de San Antonio
é a abelha-rainha do chute-na-bunda.
Quando você sair com ela
não ponha tuas roupas domingueiras.

Mas a melhor história é da Bárbara
que corre pra pegar a maior faca de cozinha
pra cada briga doméstica, dessas ruins.
Aponta pro corazón dela mesma
como uma sacerdotisa azteca que pirou
ME MATO!


Eu te digo, em noites como estas,
algo sai borbulhando
desde as pontas de nossas botas
até o pico do nosso uivo de coiote.

Vocês são muito ruins, diz uma voz
que vem do bar. Mas não, nós não somos ruins.
Porra! Eu já fui e voltei do inferno.
Menina, e eu também.


Tradução: Miriam Adelman
Revisão: Sabrina Lopes e Marcia Cavendish Wanderley.

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