Do livro de Diane Wakoski, Jason the Sailor (1993)
(Key, Key, What Bird Sings that Song?)
(Key, Key, que pássaro canta assim?)
Lá vive ele, entre os chips de computador
e uma grande população vietnamita. Seu nome aparece
em aparelhos de som caríssimos mas eu duvido que seja
a sua
a família proprietária da empresa. Nem sei mais como se sobrevive
com cachorros azuis latindo para a lua. Eu imagino
Stone Key, onde preparam uns caranguejos deliciosos
e penso que poderia dirigir pela longa cadeia dos Keys,
conectadas por pontes que serpenteiam
que me dão alucinações, as grades irrompendo nos meus olhos,
querendo me chamar à água. Mas também me atraem
os lugares onde homens e mulheres se distorcem; como
poderia não aprender sobre imagens
no quarto escuro fotográfico de adolescência
na Califórnia?
Eu pensava que estava procurando a verdade
mas quando a encontrei eu fiquei tão horrorizada
que me encerrei neste quarto no Meio-Oeste
com muitas janelas, nenhuma cortina e sem a chave. Nenhuma
necessidade de sair de novo
para o mundo.
Eu me disfarço
reclamando da idade, ponho minha
máscara de velhinha para obter
credibilidade para minha vida neste quarto. Me protege
dos constrangimentos, as rejeições, os fracassos deludidos
dos encontros sexuais.
É esta uma face
da estória. A outra, a verdade
terrível sobre o que as mulheres perdem
com a idade, os cachorros azuis que latem
para a lua,
– a raiva de Medeia quando Jasão arruma uma jovem –
enquanto os homens continuam suas aventuras;
ele mora em São José com sua esposa
e filhos, provavelmente até netos, e continua
tendo tudo.
As constelações viram,
dois leões nascidos
com apenas umas horas de diferença,
um destino de macho, outro de fêmea.
É esta a chave? A diferença entre duas vidas
que começaram entre as laranjeiras da Califórnia,
as folhas poeirentas contra a fruta dourada.
Ele as possuía, eu as comi.
Pode esta diferença ser a chave
de tantas estórias?
Tradução: Miriam Adelman
Revisão: Sabrina Lopes.
* Na tradução, me vi obrigada a abrir mão do jogo que Wakoski faz com a palavra key – algumas vezes, “chave” (objeto concreto ou metafórico), outras vezes, em referência às pequenas ilhas próximas ao litoral do estado de Florida que levam esse nome. E também empregada de forma auto-referencial, remetendo-se assim à toda a obra da poeta, na qual chave/chaves são um elemento metafórico recorrente (Agradeço a Sabrina por sua acertada insistência neste ponto).
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Oi, professora Miriam. Eu sou a aluna de jornalismo que lhe escreveu há cerca de um mês pedindo uma entrevista, lembra-se? Desde então lhe enviei vários e-mails, mas a senhora não respondeu. Talvez tenha ido para a caixa de spam ou sei lá. Gostaria de saber se é possível fazermos a entrevista nesta semana por e-mail ou por MSN. nesse último caso, adicione o meu endereço: sularien@hotmail.com
ResponderExcluirA sua participação é realmente muito importante, porque tenho que fechar a matéria já diagramada na página da revista até o final desta semana e, embora eu tenha conversado com outras pesquisadoras do NEG, está faltando falar da questão de esportes, que é a sua especialidade.
Aguardo ansiosamente resposta.
ok, vou te acrescentar no msn!
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