("bringing words together") poesia, crônica, fotografia, tradução//poetry, stories, photography, translation ///// /// ©miriamadelman2020 Unauthorized reproduction of material from this blog is expressly prohibited
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Fragmento traduzido: Diane pensando sobre seu tempo.
De Diane di Prima, RECOLLECTIONS OF MY LIFE AS A WOMAN
“Certos tempos, certas épocas, vivem na nossa imaginação como maiores do que ‘realmente’ tenham sido, e sempre há um preço a pagar por isso. São, se você olhar de perto, tempos em que a fronteira que separa a mitologia e a vida cotidiana se borra. É como se os arquétipos emergissem do seu aprisionamento, e por algum tipo de consenso coletivo nós, ou muitos entre nós, simplesmente escolhemos um mito e o vivemos, ignorando as restrições do chamado ‘mundo real’. Ou talvez fomos de certa forma escolhidos pelo mito que fomos destinados a viver. Por vezes com uma velocidade fatal.
Este encontro de mundo e mito é para onde todos pensávamos estarmos encaminhados. Onde queríamos estar, era tão belo. Colorido, luminoso e mortal, como flores tropicais. Mas não tinha escala humana. Não estava feito às nossas medidas.
Mas nós não conseguíamos enxergar isso. Pensávamos que éramos deuses.
Refere-se muito aos ‘Anos 60’ como um tempo deste tipo, embora geralmente isto se remeta apenas ao ‘Verão do Amor’ e aquilo que o seguiu, 1967 e 1968. A ponta do iceberg, na minha opinião.
Para mim, a maior parte da década de 1960 e o que veio na seqüência, até mais ou menos 1976, banhava-se nos ares do mítico. Era um tempo em que os arquétipos perambulavam as ruas de Manhattan, misteriosos e por vezes mortais, em que os anjos, maus espíritos e outros sonhos daquilo que poderia ser repousavam no nosso cabelo e se recusavam a ser afastados. Um tempo em que as criaturas que viviam nos mundos nevoentos de San Francisco nos pareciam tão cotidianas quanto o verdureiro da esquina.
Tínhamos lutado tanto tempo e tão furiosamente para encontrar, para poder fuçar o mundo dos nossos sentimentos, nosso conhecimento secreto, nossas intuições, que era como se Algo nos tivesse pego, pegasse uma mão nossa enquanto nos deslizávamos por alguma brecha, e agora esse Algo nos puxasse. Para baixo. Por que tão seguramente como a gente sabia que atrás das fachadas que nossos pais habitavam, havia um mundo de sentimento humano, atrás desse mundo havia outro que procurava tomar posse de nós. O que eu chamo o Mundo dos Arquétipos. Feixes inexoráveis de sentidos da alma, que por vezes se vestiam de formas humanas ou humanóides, por vezes andavam entre nós. Sem consciência e sem remorso. E tão belo!
Agora eu os posso dizer, atrás dos Arquétipos descansam padrões ou texturas impessoais de energias que podemos chamar Orisha. Ou Yidam.
E atrás disso, talvez dance o Vazio, nem preto, frio e oco com o imaginávamos, mas dançando na luz, relâmpagos difusos que se estendem como uma serie de superfícies por cima do nada. Movimentando-se com mais velocidade do que o olho possa registrar. Mesmo o olho da mente.
Nossa queda foi – foi tão bela! E nós, que substituíamos religião, família, sociedade e ética com a Beleza, que nos enxergávamos ao serviço da Beleza, não compreendíamos nenhuma advertência, não antecipávamos nenhuma armadilha. Cair, ao serviço de Aquilo – isso era a graça última.
Mas os arquétipos têm sua própria drama: um vasto ciclo não mapeado de Comedia dell’ Arte, e fazem seu jogo através de nós, sem nosso consentimento informal. E sem, finalmente, nenhuma preocupação pelos desejos humanos.
E não é sem motivo que a ciência de nosso tempo nos entrega a imagem, o fato ou a metáfora das placas tectônicas. Continentes da terra boiando sobre um miolo de magma
fundida. Como nós também boiamos, derretendo-nos um pouco, mudando de forma. Chocando uns contra outros, levantados por, dependendo de, em total troca química com aquele material fundido que aqui chamo de Arquétipos. Que parece irromper na superfície onde quer que as placas são finas.
As placas eram muito finas em 1964."
versão: Miriam Adelman
domingo, 20 de novembro de 2011
From Diane di Prima, RECOLLECTIONS OF MY LIFE AS A WOMAN
“Certain times, certain epochs, live on in the imagination as more than what they ‘actually’ were, and there is always a price to pay for them. They are, if you look close, times when the boundary between mythology and everyday life is blurred. The archetypes break out of prison, as it were, and by some collective consent we or many of us, simply choose a myth and live it, heedless of the restrictions of the so-called ‘real world’. Or we were somehow chosen by the myth we were born to live. Sometimes with deadly rapidity.
This meeting of world and myth is where we all thought we were going. Where we thought we wanted to be; it was so beautiful. Vivid, bright and deadly, like some tropical flowers. Not human. Not cut to our measure.
But we – we couldn’t see that. Thought we were gods.
‘The 60s’ are often referred to as such a time, though what is usually meant by the term is merely ‘The Summer of Love’ and its aftermath, 1967 and 1968. Tip of the iceberg, if you ask me.
For me most of the 1960s, and on to about 1976, was a time bathed in the mythic. It was a time when the archetypes stalked the streets of Manhattan, numinous and often deadly. When angels, incubi and other dreams of what could be settled in your hair and refused to be brushed aside. When we saw the creatures that lived in the fog worlds of San Francisco as casually as you see your corner grocer.
We had struggled so long and so furiously to find, reach into, the world of our feelings, our secret knowledges, and intuitions, and it was as if Something had caught us up, caught the hand as we slipped through some gap, and that Something was now pulling us in. Pulling us under. For as certainly as we knew that behind the facades our parents had lived there was the world of human feeling, behind that world was yet another that sought to claim us. What I have called the World of Archetypes. Inexorable bundles of soul purpose, often wearing human or humanoid form, sometimes walking among us. Without conscience and without regret. And so beautiful!
As I can tell you now, behind the Archetypes are vast impersonal patterns or textures of energies we might call Orisha. Or Yidam.
And behind that, perhaps the Void dances, not black, cold, or empty as we have believed, but dancing with light, sheet lightnings spread as a series of surfaces over nothing. And moving faster than the eye can register. Even the eye of the mind.
Our downfall was – it was so beautiful. For us, who had replaced religion, family, society, ethics with Beauty, who saw ourselves as in the service of Beauty, no warnings were understood, no traps anticipated. To go down, in the service of That – that was the ultimate grace.
But archetypes have their own drama: a vast uncharted cycle of Comedia dell’Arte, which they play out through us, without our informal consent. And with, ultimately, no concern for human purpose.
And it is not without reason that we have been handed by the science of our time the image, the fact or metaphor, of tectonic plates. Earth continents floating on a core of molten magma. As we ourselves float, melting a little, changing shape. Bumping against each other, lifted by, dependent on, in total chemical exchange with, the molten stuff I have here called Archetypes. That seeks to break through the surface wherever the plates are thin.
The plates were very thin in 1964.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Where are all the men?
Where are all the men?
He’s still driving his flatbed rig
across the highways of America
while Rosa wheels her cleaning ladies’ cart
room to room at the Best Western
in Minneapolis.
She still goes to church on Friday evenings
and on Saturday ice cold on the way to Safeway
with the food stamps stuffed in her back pocket,
the girls at home huddled under the covers.
Clara, though , married her girl friend.
They went to Canada.
And Mary’s got a new job
in the old narrative order, she's
keeping the foot soldiers quiet.
Manny, now, is glad to have gotten a girl`s job
he is so sweet to the clients and so beautiful in his beige leggings
And then there’s Felicia
speeding her black horse madly around the barrels
and dreaming of how she would ride the broncs
if only the West were still wild
He’s still driving his flatbed rig
across the highways of America
while Rosa wheels her cleaning ladies’ cart
room to room at the Best Western
in Minneapolis.
She still goes to church on Friday evenings
and on Saturday ice cold on the way to Safeway
with the food stamps stuffed in her back pocket,
the girls at home huddled under the covers.
Clara, though , married her girl friend.
They went to Canada.
And Mary’s got a new job
in the old narrative order, she's
keeping the foot soldiers quiet.
Manny, now, is glad to have gotten a girl`s job
he is so sweet to the clients and so beautiful in his beige leggings
And then there’s Felicia
speeding her black horse madly around the barrels
and dreaming of how she would ride the broncs
if only the West were still wild
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