quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Retomando, gente...



 Nestes últimos meses, me ocupei com um livro nosso que deverá ser lançado ano que vem, pela editora holandesa Springer (se preparem para coisa boa!).  Na retomada, vejam o que preparei para um evento aqui em Curitiba, dia 9 de outubro, junto à APP Sindicato:

Dzi Croquettes

Sinopse:

Nos anos 70, no Brasil da ditadura militar, surge o grupo teatral Dzi Croquettes , formado basicamente por homens gays.  Emerge em torno de uma proposta que “misturando cabaré com carnaval” leva para os palcos um espetáculo extraordinário,  libertário e andrógino que une música, dança e sátira de uma forma que rompe os esquemas e paradigmas da época.  Trata-se de uma verdadeira experiência contracultural à brasileira,  que rompe os esquemas da “normalidade” social inventando uma nova linguagem - que nem  o poder da censura era capaz de identificar, pois não teria, para eles, uma “inteligibilidade” que os permitisse entender em que realmente consistia a “ameaça” do grupo ao regime e ao status quo. E não era apenas um grupo de pessoas que faziam e apresentavam juntos um espetáculo: adotaram um modo de vida comunitária (que foi incluindo também algumas mulheres, amigas e solidárias, também artistas) e entregaram-se a um projeto todo que buscava  re-significar família e embaralhava as fronteiras entre masculino e feminino e vida e arte, entre outros. Atravessaram livremente não só as fronteiras de gênero, de raça e classe social, do “permitido” e “proibido”  senão também as geopolíticas, levando este pioneirismo da cultura brasileira para  Europa, fazendo sucesso em Paris. Uma volta precoce para o Brasil é assinalada por alguns dos seus antigos integrantes como, talvez, o começo do fim – também acelerado pela crise da AIDS nos anos 80, que abala o grupo com a morte de algumas de suas figuras centrais.  Este documentário acompanha o grupo desde o seu surgimento até os anos 90 -  antes da morte de Lenny Dale, um norte-americano que “adotou o Brasil” e que teve um papel chave no  grupo -  integrando material de entrevistas atuais com filmagens antigas e a narrativa da diretora Tatiana Issa, cujo pai trabalhou com o grupo quando ela era criança.  Ao fazer um relato fascinante de pessoas que fizeram uma contribuição singular para com a cultura brasileira e internacional nas últimas décadas do século XX , o filme nos coloca diante da necessidade de usar esta inspiração para avaliar não só  seu legado para com a política e a cultura brasileiras senão tentar um balanço da própria conjuntura atual, o futuro das lutas pela “diversidade” e o potencial (ainda?) cultural transformativo de performances que trabalham – no teatro e no cotidiano – com a desestabilização, desconstrução e transgressão das fronteiras da ordem normativa.


Bibliografia sugerida:

Dunn, Christopher, “Tropicália:  modernidade, alegoria e contracultura” In: Basualdo, Carlos org.  Tropicália: uma revolução na cultura brasileira (1967-1972) Cosac & Naify, 2007.

Pereira, Carlos Alberto M., O que é contracultura? Editora Brasiliense: Coleção Primeiros Passos.

Miskolci, Richard.   Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças, Belo Horizonte: Autêntica Editora pela série Cadernos da Diversidade, 2011.

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