(Título original: Love Poem for a Non-Believer)
Porque eu sinto saudade
de
você, repasso com a
minha mão
a lisura da minha coxa,
a curva
do meu quadril, minha
bunda
arredondada como uma
manga. Imagino-a
como se a mão fosse
tua, dedilhando
minhas costelas, o
harpejo dos
meus seios, a clavícula
que você adora
e eu não.
Meu pescoço é fino.
Você poderia
contorná-lo
com só uma mão e
arrancar-me a vida
se quisesse
Cortei meus cabelos.
Não dá mais para
puxá-los.
Apenas um jato de fios
pretos
entre os dedos agora
Suas mãos friozinhas
passeiam por minha
mandíbula
a pele das pálpebras
a nuca
macia como uma boca
e quando nos abrimos
como uma
maçã rachada no meio
e vemos
o coração
do coração
do coração essa
parte que
você não eu não
mostramos para ninguém
essa parte que queremos
recolher
tão logo desenrole
como uma bandeira de
seda
ou o berro vindo da
mesquita
no horário da oração não teremos
palavra nenhuma para
isto
a não ser talvez
crença.
Versão: Miriam
Adelman
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