terça-feira, 8 de abril de 2014

Mais um poema da Tess!

Mais uma tradução minha da poeta norte-americana, Tess Gallagher.


Black Silk/Seda preta

By Tess Gallagher

Ela estava limpando – isso sempre
nos resta – quando encontrou
na parte de cima do armário, o velho
colete de seda que ele usava.  Ela me chamou
para vê-lo, desenrolando-o com cuidado
como se alguma coisa viva pudesse
cair dele.  Então o estendemos
sobre a mesa da cozinha alisando
as rugas, nossas mãos pesadas até
ele voltar à sua forma sobre a formica
e as pequenas pontas que indicariam
os bolsos ficarem lisas.  Os botões estavam todo
intactos.  Estendi meus braços e ela
passou as grandes cavas da manga
por eles. “Isso é algo  que nunca tive vontade
de ser”, disse ela, “um homem”.
Fui para o banheiro para ver
como me veia nesse brilho, nessa
tristeza. Sinos de vento desafinados
na alcova. E ela que  começou
a chorar pelo que eu me afastei
contra a luz da pia onde a porcelana
tinha fixado seu olhar. É hora de acudir a ela
pensei eu, com essa outra parte da mente,
e fiquei imóvel.

She was cleaning – there is always
that to do – when she found,
at the top of the closet, his old
silk vest. She called me
to look at it, unrolling it carefully
like something live
 might fall out.  Then we spread it
on the kitchen table and smoothed
the wrinkles down, making our hands
heavy until its shape against  Formica
came back and the little tips
that would have pointed to his pockets
lay flat. The buttons were all there.
I held my arms out and she
looped the wide armholes over them.
“That’s one thing I never
wanted to be”, she said, “a man.”
I went into the bathroom to see
how I looked  in the sheen and
sadness.  Wind chimes
off- key in the alcove.  Then her
crying so I stood back in the sink-light
where the porcelain had been staring. Time
to go to her, I thought, with that
other mind, and stood still.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diário de campo