domingo, 11 de janeiro de 2009

Desafios da tradução/A translator´s challenges

Eu e minha colega, a socióloga e poeta Marcia Cavendish Wanderley, estamos iniciando, junto com o novo ano, novo projeto, que tem como objetivo traduzir e refletir sobre a obra de algumas poetas chicanas da atualidade. Hoje topei com um primeiro desafio: era só
começar pelo título de um poema que gostei muito, de Sandra Cisneros -- You Bring Out the Mexican in Me. O quê fazer com isso? (Claro, já pensei em algumas soluções. Mas nenhuma que realmente satisfaz ...)

É curioso, alguns poemas são tão difíceis de traduzir que parece melhor desistir. Mesmo quando são da gente, ou seja, quando se tem a maior liberdade para modificar, alterar, substituir uma metáfora ou refazer um verso. Quando enfrentei meu maior desafio de tradução até a data - produzir a versão do poema Three Women de Sylvia Plath (veja a primeira postagem deste blog) - por algum motivo, o prazer foi muito maior que a dificuldade. Talvez por toda a leitura que vinha fazendo sobre Plath, e da própria obra dela, que fez o trabalho fluir com um elevado grau não só de identificação senão de segurança -- se a tradução é, como já disseram, sempre de certa forma, uma traição, a minha, dela, estava sendo muito doce ou muito tranquila.

Trabalhar com criações próprias é, em todo caso, uma boa forma de brincar e aprender. Como disse, nem sempre parece funcionar. Tenho um poema meu, escrito em inglês, que consegui traduzir de uma maneira que me deixou relativamente satisfeita -- um certo equilibrio entre fidelidade e traição, será? (Publico aqui. E como sempre, agradeço sugestões e comentários...)


the goblins

They come to you for a reason,
the little children, the grown
babies. They knock on your
door well past midnight, wearing
torn robes, sunken eyes,
urgent hands, so that you
even from your dreaming
are roused, unable to
turn away. You are burning
with fever and they come in
with a small blue glass
of water. You moisten your lips
and slowly grow used to their
nocturnal chatter, secretly hope
never to sleep again through
the night. It is your desire,
so bitter that it is
killing you.



Noturno.

Eles te procuram
por um motivo, as
crianças pequenas, as
grandes crianças. Batem
na tua porta muito após
a meia noite, vestindo
túnicas rasgadas, os olhos
fundos, as mãos urgentes,
e você volta dos sonhos, não pode
virar as costas. Você está ardendo
de febre e eles vêm, trazendo
água num pequeno copo azul.
Você molha os lábios, acostumando
lentamente com seus passos e
pulos, em segredo tem vontade
de nunca mais dormir
a noite toda. É o teu desejo,
tão amargo que está
te matando.

Um comentário:

  1. Anônimo1/11/2009

    Traduttore, traditore... It is an old italian words game and proverb...

    ResponderExcluir

Diário de campo