Through a small town
(Kendra DeColo)
“The
truck was incinerated, and it is still burning.”
New
York Times, July 3, 2010.
They heard music
before they heard the storm
before the truck piled
onto the side of the
road
that ran dusty and snake-skinned
through a small town
a flock swelling
inside the ribs of thin trees
and where the road spiked
a finger toward the river
where the river
was the voice of a woman
walking backwards
into a dream
where they dreamed
of running the sky
where the sky swallowed
birds and music and where
children had taught themselves
to gather air and gasoline
and a dog now makes circles
in the ash and damp
dirt spits up an oily heart
and where red birds pierce the dusk
a woman stabs
her shovel into the ground
works through sweat
and insects eating her arms
until she stands in the deep
not knowing how or what
where the road was a ripped
vein and the night bled oil
and bodies swallowed up
in the green music
and if you have ever followed
singing down a dark path
arriving at the church hushed
with the enormous
eyes
of the living like wet leaves
turning through you
tell me who you thank
when you step out into the world
where a tree has wasted
its blossoms at your feet
Numa cidade pequena
“The truck was incinerated, and it is still
burning.”
New
York Times, 3 de julho de 2010.
Ouviram música
antes de ouvir o temporal
antes do caminhão avultar-se
a um lado da estrada
que como uma poeirenta
pele de cobra
atravessava a cidadezinha
bando de aves expandindo
as costelas de árvores esbeltas
onde a estrada espetava
seu dedo em direção ao rio
onde o rio
era a voz de uma mulher
andando para trás
dentro de um sonho
onde sonhavam
em comandar o céu
onde o céu engolia
pássaros e música e onde
as crianças tinham se ensinado
a juntar ar e gasolina
e agora um cachorro anda em círculos
por sobre as cinzas e a terra
úmida cuspe um coração gorduroso
e onde pássaros vermelhos perfuram o entardecer
uma mulher esfaqueia
a terra com sua pá
trabalha a pesar do suor
e os insetos que consomem seus braços
até o momento dela pisar nas profundezas
sem saber como ou quê
onde a estrada se tornou
veia rasgada onde a
noite sangrou óleo
e os corpos foram engolidos
na música verde
e se você alguma vez
seguiu
música que conduzia por uma vereda escura
você chegando silenciado numa igreja
com os olhos enormes
dos vivos como folhas molhadas
revirando dentro de você
me diga então a quem
agradecer
quando der aqueles passos que te colocam
no mundo
aí onde uma árvore desperdiça
seus brotos aos teus pés
Tradução: Miriam Adelman
Imagem: Miriam Adelman
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